Autismo, conhecer para compreender
O termo autismo vem do grego “autos” que significa em si mesmo. Faz referência a um sujeito retraído que evita qualquer contato com o mundo exterior e que pode chegar inclusive ao mutismo” (ROUDINESCO; PLON, 1944, p. 57).
Em 1867, Henry Maudsley foi o primeiro psiquiatra a ter interesse por crianças com distúrbios mentais graves, descobrindo o Autismo. Já no século XX, de Santis introduz o termo Demetria Precocíssima, onde aparecem casos de início muito precoce.
Em 1943, o autismo, caracterizado por Leo Kanner, tornou-se um dos desvios comportamentais mais estudados, debatidos e disputados, esses possibilitaram identificar a diferença entre o comportamento esquizofrênico e o autismo.
Em 1983, as Síndromes de Asperger e Rett foram reconhecidas e deixaram de ser consideradas autismo. A Associação Americana de Psiquiatria criou o termo Distúrbio Abrangente do Desenvolvimento e, em 1987, o autismo deixou de ser uma psicose infantil. Hoje, o estudo está voltado para o aprofundamento real do que é o autismo, adaptação das crianças especiais em escolas de ensino regular e trabalha também a afetividade das famílias dos mesmos.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (1998), o autismo é uma síndrome presente desde o nascimento, ou que começa quase sempre durante os trinta primeiros meses, caracterizando-se por respostas anormais a estímulos auditivos ou visuais, e por problemas graves quanto à compreensão da linguagem falada.
Em 18 de dezembro de 2007, as Nações Unidas declararam 2 de Abril como o Dia Mundial da Conscientização do Autismo – WAAD (sigla em inglês). Nessa data também designaram a cor azul como a cor do Autismo. Essa iniciativa ocorreu para chamar a atenção da sociedade e ajudar milhões de pessoas que ainda não foram diagnosticadas ou que estejam procurando ajuda.
A Organização Mundial de Saúde estimou, em 2013, uma prevalência de 1.160 indivíduos com autismo, número muito superior ao verificado em épocas anteriores. Com base nestes dados, o principal questionamento gira em torno de: Como enfrentar os desafios para garantir educação para crianças e adolescentes com autismo?
No Brasil, o ingresso de uma criança autista em escola regular é um direito garantido por lei, como aponta o capítulo V da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que trata sobre a Educação Especial. Além da LDB, a Constituição Federal, a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, Estatuto da Criança e do Adolescente, o Plano Viver sem Limites (Decreto 7.612/11) também asseguram o acesso à escola regular.
Em 27 de dezembro de 2012, foi sancionada a Lei nº 12.764 que instituiu a “Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista”. Essa medida faz com que os autistas passem a ser considerados oficialmente pessoas com deficiência, com direito a todas as políticas de inclusão do país.
Referências:
BOSA, C. Autismo: atuais interpretações para antigas observações. In:
BAPTISTA, C. R.; BOSA, C. (Col.). Autismo e educação: reflexões e propostas de intervenção. Porto Alegre: Artmed, 2002 pp. 29-35.
Nunes, D. R.P.; Araújo, E.R.(2014). Autismo: a educação infantil como cenário de intervenção. Arquivos Analíticos de Políticas Educativas, 22 (84). Dossiê Educação Especial: diferenças, currículo e processos de ensino e aprendizagem. Editoras convidadas: Márcia Denise Pletsch&Geovana Mendonça Lunardi Mendes. http://dx.doi.org/10.14507/epaa.v22n84.2014